quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

5 bandas para ouvir, pogar e dançar já!

Ensaio esse post há tanto tempo que para não enrolar mais vou ser direta: fiz um combo post indicando/comentando 5 bandas novas, brasileiras e com brasileiras, do punk pogante ao hardcore rápido com passagens pelo d-beat e terminando em mais dançante e experimental. Bora? São elas: Dança da Vingança, Soror, Las Otras, Réplica e Rakta.

Só porque o Distrito Federal tem um histórico longo e foda de bandas de garotas, de bandas com integrantes feministas - vide Bulimia, Estamira, Silente, Kaos Klitoriano - e porque o som dessas duas bandas que surgiram recentemente é animal, começamos com elas: Dança da Vingança e Soror.

Dança se apresentando no Bruxaria - Foto retirada do facebook da banda

Dança da Vingança (aka um dos nomes mais fodas de banda) tem apenas duas canções gravadas e que grudam instantaneamente. Fazem pogar sem medo, aquele punk cadenciado com seus riffs simples e e vocal gritado/levemente rasgadinho. "Proposta pras parceiras" chama a atenção pro "clássico" isolamento entre garotas, que só beneficia o patriarcado e todas as armadilhas que podemos cair por sermos estimuladas a competir, acima de tudo, e não a nos fortalecermos. "Um espaço que é nosso" é a minha preferida, e fala sobre amizade entre garotas e criação de espaços onde sejamos protagonistas acima de tudo, isso tudo com um riff foda e um baixo bem marcado.

Dança da Vingança @ Festival Vulva La Vida 2013 - Foto: Elaine Campos
Peguei o show delas no Festival Vulva La Vida 2013, e foi o que eu esperava: punk rock pra pogar cheio de energia, simples e animado, do jeito que as feministas gostam. Ficar parada era impossível, e me lembro bem de ter visto muita gente pogando/dançando/se mexendo. Elas lançaram dois covers: um Avengers e uma versão de "Oh Bondage, Up Yours", do Xray Spex, mais lentinha e com vocal gritado, que fico animal. Sobre gravação? Parece que no segundo semestre vai rolar alguma coisa. Estamos de olho e ouvidos atentos.
SOROR @ Sankofa Bar - Festival Vulva La Vida 2013 (foto retirada da página do facebook da banda)

Agora, saindo do pogo punk e indo molhar os pés na água d-beat, chegamos na Soror, outra banda de Brasília que nas palavras delas "não é uma banda, é um projeto". Com sua bateria lenta, baixo bem marcado - indo além de 4 notas - guitarra marota e vocal gritado elas mostram criatividade, deixando o virtuosismo para quem é disso e não devendo nada pra ninguém. Máscaras de bichos, chapéu de bruxa, rosto escondido por pano preto e pisca pisca pelo palco: foi isso que vi - e gostei de ver - no show delas no Vulva La Vida 2013 (Dança e Soror são uma gangue, 2 pelo preço de 1, sacou?).

Soror @ Festival Vulva La Vida 2013 - Foto: Elaine Campos
Os apetrechos todos que elas levam para o show de fato transformaram o show em um ritual, tanto entre elas que estão tocando e trocando de instrumentos e expondo seus lados bichas/bichos/biches, quanto para quem assiste/participa e é envolvida pelo clima animalesco e bruxesco que elas construíram.
No final, elas abriram espaço para quem quisesse participar/falar, e Formiga, zineira paulistana, mandou muito lendo seus versos sobre negritude e sexismo em resposta a uma música de Rap. Tudo altamente recomendável e desejável.

De Barcelona: Las Otras
E voltamos ao punk rock, dessa vez aquele com pegada cru, riffs e bateria num tom só e solos pra descontrair o ambiente. A banda é Las Otras, elas são de Barcelona e lançaram recentemente um 7" com 5 canções que falam sobre feminismo, deboche aos burocratas que carimbam documentos do Estado e sobre deixar de ter pena de quem te oprime.

7" da banda - Foto: Carla Duarte
Se você ouviu alguma música das Las Otras e achou que conhece a voz de algum lugar você não está errada. Se você passou boa parte da infância  pré adolescência ouvindo Bulimia (DF, né), é daí mesmo que conhece, porque é Ieri que cantava no Bulimia, que canta no Las Otras.
Do bandcamp delas: "Intentamos combatir la hegemonía heteronormativa, patriarcal, capitalista y dominadora que se impone en nuestras vidas". 
Triste é que o epzinho termina e deixa um gosto de quero mais. Mas o encarte é bacana, e fiz essa foto para deixar quem curte curiosx. Para ouvir e pogar é aqui. Do youtube selecionamos Burocrátas e Asesinas

Um pedacinho do encarte do ep - Foto: CD                          
Saindo de Barcelona e indo para Califórnia, mais precisamente para Oakland, para falarmos da segunda banda gringa com uma brasileira. Hardcore-punk rápido, com vocal raivoso. A banda é Replica, e a brasileira que toca nela, Juliana, que tocava no War Inside e Infect. Se você gosta de fastcore e thrashcore deve ouvir isso muito logo.

Capa do novo disco da Replica, que vai ser lançado no fim de fevereiro
                      
Essa é a capa do novo disco da banda, que será lançado dia 22 de fevereiro. Não precisa esperar até lá para ouvir, se liga no bandcamp e na página no facebook delas. Tem alguns shows no youtube, indico esse, esse show inteiro e esse também.

Replica - Foto: Jason Romero
Já chegamos no fim do post, e pra terminar, vamos falar sobre a banda mais diferente e experimental do combo post. É a Rakta, banda de São Paulo, que tem a mesma pegada da Soror no sentido da performance, de montar o ambiente para tocar (o que deixa a coisa toda mais interessante, néam?). Além delas mesmas - pelo menos pelo que vi nas fotos e vídeo - se montarem também. 

Rakta tocando em Santos - Foto: Mateus Mondini
Não tenho muitas referências pro som delas , além do que já mencionei: experimental. Tem um tecladinho maroto e um clima pós punk, e elas tem duas músicas grandonas: uma de 14 minutos e outra de 7. Acho que vale a pena toda munda ouvir o soundcloud e ver esse vídeo pra sacar qual é a da Rakta