quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Garota Siririca precisa do seu apoio para virar livro

Contribuições podem ser feitas via Catarse até 24 de dezembro; Confira entrevista com a criadora dos quadrinhos GS, Lovelove6





Retratar a siririca - masturbação do clítoris - com naturalidade, prazer e humor: é isso o que faz a Garota Sirrica, moça viciada em se dar prazer e que, por vezes, prefere tocar uma a socializar. Criada pela quadrinista feminista Lovelove6 em 2013, a Garota Siririca é postada periodicamente no site da Revista Samba. 

Além de divertir e de criar uma personagem que dá representatividade a uma parte silenciada da vida de muitas mulheres, a Garota Siririca abre espaço para uma discussão e empoderamento das meninas que estão começando a se tocar sobre o assunto. Nada mais natural do que termos essa obra em livro, para consultarmos e rirmos a hora que quisermos, correto? LL6 já providenciou isso: lançou um catarse para viabilizar a existência do livro. Quem apoiar pode receber o livro, um triturador, vibrador.. tudo sobre autoconhecimento!

Por isso, você que ama se dar prazer, que está se descobrindo e que gosta de arte feminista, é a pessoa ideal para ajudar a custear a impressão do livro. Isso porque ele é um momento de celebração e empoderamento da mulher: da que toca siririca, da artista e de todas nós que temos que lutar para desconstruir o ser mulher e seguir em busca de autonomia. 

A Gabriela acredita no que faz. Eu acredito nela, nas mulheres, na arte feminista e na urgência de conhecermos melhor o nosso corpo. Os pedaços que fazem tremer, a capacidade de fantasiar e experimentar outras formas de sexo não penetrativo. Por isso, fiz esse post, para ajudar a divulgar ainda mais esse projeto tão urgente. Nós já entrevistamos a LL6 e agora, falamos sobre o livro da GS: 


Cabeça Tédio: Quando você começou a escrever a Garota Siririca pensava que ela teria o espaço que tem hoje? Você acha que ela mudou de quando surgiu até agora?

LL6: Eu acredito muito no que eu faço e faço porque eu acredito que é relevante de alguma forma, porque sinto que tá faltando no mundo... Então, pode ser arrogante, mas eu imaginava que a Garota Siririca significaria algo (especialmente pra mim) se eu trabalhasse bem. O que eu não esperava era conhecer muitas mulheres fazendo quadrinhos e pensando sobre quadrinhos, de forma que hoje estamos construindo uma rede de apoio e diálogo cada vez mais forte, abrindo caminho e conquistando mais visibilidade.

A Garota Siririca muda bastante enquanto é feita, em todas dimensões. É o primeiro projeto em que eu me proponho a construir personagens complexas e um universo pra elas. O desenho mudou, o método de produção mudou, os temas se diversificaram, a necessidade de pesquisar a respeito dos temas abordados aumentou. Levei muitos meses seguindo na intuição até entender que precisava mesmo pegar num livro e ler sobre construção de roteiro, por exemplo, ou até finalmente ter disposição pra fazer o corre da impressão do livro. Tenho aprendido muitas coisas durante esse processo, acho que tenho mudado mais do que a Garota Siririca.

Tenho confrontado questões que eu não tinha nem como prever que viriam, tipo a responsabilidade de falar de alguns temas, que muitas vezes só percebo quando alguém já está chamando a atenção pra isso, apontando no meu trampo. E também tem sido um aprendizado me colocar como a autora dessa história, assumir umas ideias e posicionamentos, dar entrevistas sobre sexualidade, lidar com as reações negativas, preservar a liberdade de ser espontânea e corajosa nas outras coisas que tenho produzido...



(CT) O que há de feminista ou de empoderador em uma garota que se masturba?
LL6: A garota que se masturba e que consegue gozar sozinha não vai precisar transar compulsoriamente com x parceirx sempre que precisar satisfazer seu tesão. Ela tem o controle total para decidir-se, na hora em que está transando, se ela vai se concentrar no próprio orgasmo, no orgasmo dx parceirx ou se vai se concentrar em apreciar outras dimensões e possibilidades do sexo. Ela tem essas opções, ela pode escolher. Isso é empoderador e libertador.

Considerando todo o estigma construído culturalmente sobre a nossa vulva, nossa menstruação, nossa sexualidade - como coisas sujas, inaptas ao prazer, feias, pecaminosas, vulgares - uma mulher que se propõe a olhar de perto, tocar, conhecer, se familiarizar com o cheiro, o gosto e a sensibilidade da própria vulva está em algum nível transgredindo intimamente as barreiras do senso comum e do preconceito.

(CT) Os interessados podem doar até o dia 24 de dezembro. A data escolhida - véspera do nascimento do salvador - foi aleatório ou ela esconde algum outro significado mulherista? 

LL6: Foi sem querer, mas hoje eu acredito que possa ser um bom sinal do tipo, "nascimento (do livro) da anti-cristo".

(CT) Quais são seus próximos planos para a Garota Siririca? Depois do livro você vai continuar escrevendo sobre ela? 

LL6:
Depois de publicar o livro vou dar um tempo da Garota Siririca e pensar noutras histórias pra fazer, mas eu gostaria de fazer uma Garota Siririca melhor no futuro, quando eu for mais competente e habilidosa.

(CT) Se alguma garota estranhasse a relação entra amizade entre mulheres e masturbação, como você explicaria para ela? 

LL6: Tem tudo a ver!!! Frente a todo o preconceito contra a masturbação feminina, contra a sexualidade feminina e contra a vulva, aprender sobre o seu próprio corpo entre pessoas que compartilham das suas curiosidades, desejos e anatomia, é muito mais benéfico e produtivo. 

Uma mulher que se propõe a amar seu corpo consegue isso muito mais facilmente se familiarizando com o corpo dazamiga, amando o corpo de outras mulheres, conversando e vivenciando esses temas com outras mulheres como ela. Isso soa lésbico porque é lésbico mesmo, todas nossas relações entre mulheres podem ser entendidas como relações lésbicas e isso é importante ter em mente, pois tudo o que a sociedade machista impõe pra nós, na tentativa de cercear a nossa intimidade com nosso próprio corpo, também tem a função de nos separar e criar um atrito nocivo entre nossas companheiras mulheres, desarticulando nosso diálogo, organização e possíveis "culturas próprias" (deve haver um tempo melhor pra isso que seriam os conhecimentos gerados no microcosmo de um grupo de mulheres).

Utilidade pública:

Leia todas as aventuras da nossa heroína, a Garota Siririca | Catarse | Fanpage LL6

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