quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Li "Tranny", da Laura Jane Grace, e você também deveria



Que leitura angustiante e honesta. É um livro para ler numa sentada só e que me deu uma grande perspectiva sobre a história do Against Me! e da Laura. Para quem gosta de ler sobre rock, vale muito a pena, porque há trechos com detalhes sobre festivais, produtores (como o Butch Vig, produtor musical do Nevermind) e diversos imbróglios da cena musical da Flórida a partir dos anos 90.

Essa foi a primeira vez que li um relato em primeira pessoa sobre transição de gênero e me faltam palavras. É desolador, potente, bonito e de partir o coração em muitos pedaços. Uma pessoa cisgênero nunca vai ter dimensão total disso, mas o que ficou para mim é que essa batalha vale pela redenção de ser quem se é. Não é a toa que em “FuckMyLife666”, música do Transgender Dysphoria Blues, álbum que conta o período de transição, diz:

“No more troubled sleep, there's a brave new world that's raging inside of me”.

Antes da transição, vemos o boy lixo e arrogante que a Laura foi (ou Tom? não sei). Não era pouca coisa e ela mesmo admite. Por isso, não tem como não mencionar esse fato aqui.
É claro que essa leitura é essencial para os fãs de Against Me!, pelo gostinho de ler alguns trechos do livro e do diário e “cantar” as frases de músicas que tocam tão forte dentro de nós. Para mim bateu bem forte, porque consegui ir ao show deles no Brasil em outubro, então está tudo pulsando dentro de mim.

Against Me! @ Carioca Club (SP) - Foto: Ana Laura Leardini

É muito louco escrever isso depois de tanto tempo escrevendo na internet, mas em tempos de #publipost, deixo claro que não ganhei nada para escrever esse mísero texto. Você pode comprar o seu livro aqui. Recentemente, criei um perfil no Instagram para compartilhar minhas impressões de leituras, se quiser conhecer: é @leiacarlaleia.

Antes do show do dia 20 de outubro, criei uma playlist só do Against Me! no Spotify, das músicas que eles tocaram no show do Chile, na ordem do set list. É, ainda não tinha falado aqui, mas esse ano aprendi e comecei agostar de usar o Spotify, mas claro que nada vai substituir o soulseek e os hábitos de gente velha.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Bertha Lutz lança o ep "Minha resistência é minha revolução"

Arte: Luare Artystontta

Quem não é visto não é lembrado, né? Essa ideia pode se aplicar à Bertha Lutz. Em suas letras, elas celebram as vivências que estão fora do esquema hétero-macho-branco-rico, politizam o pessoal e o político dentro das relações interpessoais, criticam o genocídio do povo negro e exaltam a (r)existência das mulheres pretas, gordas e sapatonas. Por isso, o discurso político e o som da banda há alguns anos são lembrados quando pensamos em punk rock feminista brasileiro.

Para comemorar os 10 anos de banda, as mineiras lançaram o ep "Minha resistência é minha revolução", com 7 músicas. O disco foi gravado, mixado e masterizado no estúdio Mestre Felino (Mogi das Cruzes/SP), entre abril e maio de 2018, por Helena Duarte. Influenciadas pelo Riot Grrrl e pelo punk/hardcore, as músicas remetem à escola Bulimia de tupá tupá. Riffs marcantes, vinhetas que casam perfeitamente com as músicas e muitos momentos para pogar. É isso que o som proporciona.

O hit, o hino e a música que gruda na cabeça, sem dúvida, é "Preta, Gorda e Sapatão". Em relação à letra e o debate que ela traz, sem dúvida é uma das mais importantes do punk feminista do Brasil, por visibilizar três recortes que são ignorados no punk e fora dele. E não tem como não ouvir e não sair cantando junto. Ela ao vivo é especialmente mais foda, por fazer toda a galera pogar demais.
"Sangue Negro" é outra música essencial, que critica o genocídio da população negra, a violência policial e fala também sobre o encarceramento em massa da juventude negra.



Em "Why" é notável a influência de Dominatrix (fase Girl Gathering). Riffs marcantes, vocais em coro e aquela levada neo youth crew que a maioria das pessoas que vão aos shows desde o início dos anos 2000 já gostaram pelo menos uma vez na vida.

"Não passarão" é minha segunda favorita, por desenhar de forma bastante clara o ciclo de privilégios dos boys lixos/hétero/libertários e abusadores que são protegidos e circulam com tranquilidade e recebendo carinho dentro do punk. É sempre agradável ver um posicionamento claro e que rechaça em vários sentidos a grotesca prática de 'passar pano', que envolve não só o boy lixo, mas também seu círculo de amigos.

"Funk da Xoxota" fecha o disco com chave de ouro, mostrando que política e diversão andam de mãos dadas. Elas trazem pro punk uma das melhores coisas do BR, o funk, fazendo a gente treinar a raba pra rebolar e o ombro pra pogar. Não tem fora do Brasil, tá meninas? Enfim, um dos melhores discos de 2018 e que todo mundo tem que ouvir logo. Agradeço a Bah por ter me escrito, mandado os sons com antecedência e me convidado para escrever. Foi bom sair da inércia depois de 1 ano e 4 meses sem escrever para o Cabeça Tédio.

Se você aguentou ler até aqui, ouve logo esse epzão:



E quem estiver em BH neste fim de semana, não perde tempo não. O show de lançamento do ep será no dia 23/06, na Matriz, a partir das 19h. Para mais detalhes, veja o evento.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Fotoresenha: Warpaint em São Paulo, no The Art of Heineken



Todas as fotos por Ana Laura Leardini

No início de fevereiro, Warpaint se apresentou em São Paulo, no The Art of Heineken. O evento, foi realizado nos dias 3 e 4 de fevereiro, no Museu de Arte Contemporânea (MAC - USP). Elas estão em turnê divulgando seu terceiro álbum 'Heads Up'. Os shows, mesmo pequenos e pouco divulgados, foram bem comentados pelos fãs. Eu não fui ao show, por isso, não consigo fazer um post maior do que este.

A super Ana Laura Leardini gentilmente aceitou o nosso convite de divulgação das fotos. Ela fez fotos incríveis do evento, e seria um erro não compartilhá-las aqui, mesmo com um pouco de atraso. Ana Laura trabalha com audiovisual e já colaborou outras vezes, com a fotoresenha do RVIVR e do evento Ah! Que Isso! Elas Estão Empoderadas.

Deguste ouvindo 'New Song', música do novo álbum de Warpaint.










_______________________

Por aqui continuo sem notebook, por isso, o blog está paradíssimo da Silva. Mas não desistam de nós! Temos planos para um retorno triunfal. Hahahaha. Vai, só um retorno mesmo já está de bom tamanho.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Links da Semana #11

Whatever Happened to Baby Jane - Foto retirada da fan page da banda

No ano passado eu não pensaria que o Links da Semana fosse vingar como vingou. Eu gosto de escrever, vocês gostam de ler, então nada mais natural do que continuar com ele por aqui. Eu até tinha uma ideia de migrar este formato de post e remodelá-lo, transformando-o em uma Newsletter. Maaaaas, por hora isso continua apenas no campo das ideias. Achei muito feliz as coincidências temporais que permitiram que esta edição se dedicasse a bandas e projetos brasileiros. E o Cabeça Tédio e estes projetos (o 2º, 3º e 4º do post) tem uma coisa em comum: o objetivo de enaltecer e divulgar a música feita por mulheres. Torcemos para cada vez mais vermos iniciativas assim. Bora lá!



Whatever Happened to Baby Jane!
Do Espírito Santo sempre saiu banda boa de estilos diferentes. Ajudanti di Papai Noel e Jäzzus são os duas bandas que não existem mais, mas que gosto bastante. Não conheço tantas bandas de lá com mulheres na formação, por isso, quando assisti o vídeo publicado no Ensaio Aberto da Whatever Happened to Baby Jane, fiquei super animada! Power trio formado por mulheres que faz aquele punk rock gritado e pogante. Assista aqui!

PWR Recs
A gravadora PWR Records é de Recife e se dedica à música alternativa feita por mulheres! Além de lançar os sons da Papisa, elas organizam diversos eventos e uma lista colaborativa de bandas brasileiras. Este também é o nosso role e nada mais natural do que todas ficarmos de olho na PWR! Confira a fan page delas aqui.

We Are Not With The Band
Outro projeto voltado para as mulheres da música independente: o We Are Not With The Band apresenta fotos e entrevistas com bandas contemporâneas. Já passaram por lá a Letícia Lopes (Efusiva, Motim, Trash no Star), Alimne e Priscila da banda Readymates e muito mais! Confira.

Coletânea Queens of Noite
A coletânea é uma seleção virtual de bandas brasileiras feita em parceria. Assinam o projeto o blog Bull in the Heather e os selos Efusiva e PWR. São dois volumes cheio de música independente com sons muito diferentes entre si. 2017 já começando muito bem, vale a audição de toda a coletânea! Confira.


Räivä
Alagoas não está para brincadeira! É de lá as muito boas Oldscratch e a Räivä, que lançou em janeiro sua primeira demo. O som é um punk/hardcore com pegadinhas crust. Sem dúvida, destaco a música 'Desrespeito' que começa assim: "De 2012 pra cá vem crescendo o número de denúncias de violência contra mulher no meio libertário. Muitos tentam omitir ou esconder esse fato para não expor as organizações." É muito bom ver bandas refletindo o presente e falando sobre a existência dos relatos de violência contra a mulher no role punk.




Sara Não Tem Nome e a Páscoa de Noel
É de 2016, mas vou divulgar em janeiro sim! Sara Não Tem Nome é uma banda de Belo Horizonte. O combo de letras tristes feat reflexivas em português e as músicas fizeram com que a banda ocupasse um lugar muito especial no meu coração. O clipe 'Páscoa de Noel' apresenta o Fofão e é o primeiro lançamento da Grão Pixel. Se você ainda não ouviu 'Ômega III', o primeiro álbum da SNTN, por favor faça isso!



Yes We Cat
A ong Think Olga lançou a série Yes We Cat, no qual entrevista diversas mulheres que realizam trabalhos interessantes e que podem inspirar outras mulheres. O primeiro episódio contou com a participação das vlogueiras Jout Jout e Jessica Tauane (Canal das Bee). O segundo, com a blogueira plus size Ju Romano e a blogueira Nátaly Neri. Todos os gatinhos que aparecem nos vídeos estão para adoção!


Middle Children
É uma banda nova de Bloomington (Indiana), de Patrick Jennings (Hot New Mexicans, Purple 7) e Ginger Alford. Não sei definir musicalmente o estilo deles, que traz várias referências. Mas vou te falar, os pianos e as guitarras são boas demais! Conheci a banda por conta da antiga banda da Ginger, a Good Luck, que essa sim é popzão punk monstro maravilhoso. Ouça a primeira música de Middle Children, "True".





Try the Pie lança clipe de 'Thomas'
Try the Pie é a atual banda de Bean Kaloni Tupou, que tocava na Sourpatch e Crabapple é envolvida na cena faça você mesma de San Jose, na Califórnia. Atualmente, ela divulga o lindo álbum Domestication e 'Thomas' é o mais novo clipe da banda. É leve, é bonito e vale a pena ouvir. Aqui você pode ler uma entrevista que o Nandolfo fez com ela.





“Estrelas Além do Tempo” é líder nas bilheterias dos EUA pela segunda semana
Você ainda não conhece este lançamento? Ele conta a história real de Katherine G. Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, três cientistas da Nasa que tiveram papel crucial na missão que fez de John Glenn o primeiro astronauta americano a entrar em órbita da Terra, em 1962. Além das protagonistas Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, o time feminino do filme também inclui Allison Schroeder, que assina o roteiro em parceria com o diretor Theodore Melfi. É aquele mantra: representatividade importa, mulheres negras, importam. Para quem se interessa pela temática de Mulher no Cinema acompanhe o Mulher no Cinema (risos!) e prestigie a cultura feita por mulheres!




Cartumante
Gosto muito de incluir aqui o trabalho de alguma artista visual, ilustradora ou quadrinista. E a que chamou a minha atenção recentemente foi a Cartumante, que deixa essa dica/meta para levarmos sempre conosco. Curta a fan page dela e apoie o trabalho das mulheres artistas!



quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Os 10 posts mais lidos de 2016



É verdade, 2017 aqui e eu ainda agarrada em doismiledezegolpe. Mas não poderia deixar de fazer esta contabilidade dos posts que tiveram mais leituras. Isso serve como um termômetro de pautas e permite que eu veja os resultados das ideias mirabolantes que tive. E confesso, acho legal olhar para o que consegui realizar. No sentido de que o Cabeça Tédio não é só um hobby ou uma forma de me manter conectada com o punk-feminista. É também uma maneira de não ser engolida pelos dramas do trabalho e da vida. Acredito também que esta listinha facilita a leitura de alguns posts, pois os mostra mais.

Foram publicados 26 posts. São 41 posts a menos do que em 2015, quando atualizei o blog 67 vezes. Mas o volume de publicações do ano passado também me deixa muito satisfeita. Só de lembrar em todos os defeitos do meu notebook.. ver as atualizações do blog me faz sentir muito vitoriosa, hahaha. Foi em 2016 que iniciei o Links da Semana, estilo de post que gosto muito. No total, foram 10 LDS, dois posts de listas, dois Guest Posts, 2 Colunas do Nandolfo, duas resenhas e 1 post sobre Sleater Kinney, sendo ele a única Mixtape que fizemos no ano. Aproveito para agradecer o Nandolfo, que continua colaborando com o blog da maneira que pode; também Juno Griz, que assinou o guest post As paixões em silêncio no filme “Carol”, baseado na obra de Patrícia Highsmith; agradeço também Binha que emplacou o quarto post mais lido do ano. Claro que também agradeço muito vocês maravilhousers que estão sempre por aqui trocando comigo e o mozão que apoia e empresta o PC pra mim. Bora lá!



10 - Links da Semana #6
Um LDS que amei escrever, pois, pude falar um pouco sobre Worriers.

9 - Links da Semana #10
Mulheres Negras: Projetos de Mundo, Preta, Gorda, Sapatão e Riot Grrrl e mais!

8 - entrevista: Bah Lutz fala sobre o projeto 'Riot Grrrl Brasil'
Essencial para quem se interessa por punk BR.

7 -  Links da Semana #8
Falando sobre Bleed the Pigs, estátua de Clarice Lispector, Susan Sarandon e muito mais.

6 -  Blindspot: Jane Doe, a destruidora que faltava na sua lista de séries
Uma resenha empolgada sobre uma personagem que achei bad ass.

5 - Flashes da Feira Tesoura #1
Há algo muito poderoso em feiras de fanzines autônomas e feministas...

4 -  Parteria e Idelogia ou: Como o feminismo me levou ao rolê da humanização do parto
Guest Post por Bárbara.

3 -  4way: Ostra Brains, Oldscratch, Raivä e Trash No Star será lançado pela Oxenti Recs
Um álbum formado por quatro bandas brasileiras, com mulheres na formação, que são independentes/faça você mesma, não é algo corriqueiro.

2 -  10 álbuns lançados em 2016 que você precisa ouvir
A nossa lista compila música feita por mulheres (ou que tenha mulheres na banda); música independente e contracultural e também alguns grandes álbuns que mesmo não sendo contraculturais se destacaram pela representatividade e força que carregam. 

1 - listamos: 15 bandas punks/hardcore brasileiras com mulheres para ouvir já!
DEF, Framboesas Radioativas, Nuclear Frost e mais 12 bandas.


__________________________________________


Neste ano farei uma menção honrosa ao 12º post mais lido do ano: Patriarcagado: reflexões sobre ser pai no Patriarcado. Creio ser uma leitura relevante, especialmente porque sei que cada post do Nandolfo exige uma série de tempo e entrega que é difícil para ele. E notei que o post mais lido do blog, com mais de 28 mil visualizações é o download: livros de Carolina Maria de Jesus e Bell Hooks. Mas acho que nada mais natural do que isso, afinal de contas, estamos falando de duas mulheres negras incríveis.


domingo, 8 de janeiro de 2017

Retrospectiva: Destaques de 2016




Vocês acharam que eu tinha morrido depois do golpe, né? Hahaha. Eu tinha comentado com vocês que o meu notevelho estava morrendo. E, apesar dele ainda ligar, é impossível usá-lo. Ele desliga de tempos em tempos, tornando este hobby prazeroso algo bastante irritante. Isto, mais os 'ossos do ofício' e os acontecimentos da vida contribuíram para que o blog ficasse com muitas moscas durante 4 meses! Ainda assim, espero que o conteúdo publicado tenha sido relevante para alguém. Eu não podia deixar de escrever este post. Esta é a quarta lista de Melhores/Destaques do Ano publicada no Cabeça Tédio e acho que é sempre bom olhar para trás e ver o que ouvimos.

No Destaques de 2016 compartilho os álbuns que mais gostei. O critério de seleção é aquele que você já está careca de saber: bandas de mulheres ou com mulheres na formação, punk feminista, independente, faça você mesma, que não seja homofóbica, racista, especista, capacitista, enfim - toda característica que causa prejuízo para alguém. Ao contrário do Destaques de 2015, neste ano não teremos comentários sobre clipes e shows. Era isso ou abandonar de vez o post, visto que eu continuo sem um computador apropriado. Risos de desespero. Por isso, já adianto que o post vem mais curto e objetivo, sem os meus floreios e viagens de costume. E a organização dos discos foi feita em ordem alfabética mesmo. Vamos lá!



Actual Crimes - Ceramic Cat Traces
Conheci essa banda este ano, mas rapidamente ela me ganhou. Isso porque quando ouço uma banda que é visivelmente inspirada em Sleater Kinney só consigo pensar nisso. Não diminuo o talento e criatividade da banda, mas adoro ouvir os diálogos musicais existentes entre quem inspira e quem é inspirado. E a Actual Crimes, de Londres, se encaixa neste contexto, que também carrega referências post-punk, e de alguma forma, ainda me lembra de Cadallaca. 





Against Me! -  Shape Shift With Me
Dizem que quanto mais velho o vinho, melhor o sabor. Eu não sei, porque não bebo vinho. Mas ao ouvir 'Shape Shift With Me', do Against Me! pensei logo nisso. Não que este seja o melhor disco deles, não é. Mas tem ótimos sons. E sabemos que a banda passou por muita coisa, e mesmo assim, não parou de criar boas músicas até hoje. Que continue assim! Ouça também no Spotify.



Alice Bag - ST
Ela é uma das fundadoras do The Bags - uma das primeiras bandas punks de Los Angeles - e sempre pautou questões de raça, classe e gênero. Hoje, ela carrega mais representatividade ainda, por ser uma pequena parcela da música independente de cabelos brancos que faz jus à sua juventude. Lançado pela Don Giovanni Records que não está para brincadeira, o disco tem momentos rock and roll, sempre carregado de punk rock e requebrância.




Cayetana - Tired Eyes
Olha só, são só duas músicas no EP, mas que musicões da porra! Elas lançaram também um EP ao vivo também, ouça aqui!




Chico de Barro - Nogueira
Chico de Barro é do Rio de Janeiro e bastou um single, Nogueira, para já grudar nos ouvidos. Trata-se de um projeto paralelo de Nathanne Rodrigues, que também toca no DEF. Espere uma letra sobre crush, muitas distorções e uma bela voz. O show de lançamento do EP será no dia 27 de janeiro, no Motim. Assista o clipe.






DEF - Sobre Prédios que Derrubei Tentando Salvar o Dia - Parte 1
Para mim, hoje esta é a melhor banda ativa do Rio de Janeiro. O disco de estreia foi lançado pela Bichano Recs. Ouça logo!




Dyke Drama - Up Against The Bricks
Para quem ainda não sabe, Dyke Drama é o projeto solo de Sadie Switchblade (G.L.O.S.S. e Peeple Watchin') e é aquele pop punk cheio de qualidade e ainda tem as letras no Bandcamp. É foda!





GxIxRxLxSx - Trans Day of Revenge
Essencial para quem gosta de punk/hardcore.




In Venus - Mother Nature
Eu só quero pegar esse show ao vivo. Viva a distorção, a natureza e São Paulo e suas bandas boas.




Mc Carol - Bandida 
Esta é a MC de Niterói que você mais respeita! Foi bom demais a primeira ouvida de '100% Feminista', feat com Karol Conka. Logo, nada mais natural do que incluir o disco da Mc Carol na lista!



Oldscratch - Padrões de Conserva
Hardcore direto, sem firulas de Alagoas. Formado por quatro garotas, a única coisa que está faltando é um tourzão para vermos o show ao vivo.




The Renegades of Punk e Tuna - Split 7"
Se você gosta de punk rock BR você já ouviu esse split muuuuuuuuuuuitas vezes.







Savages - Adore Life
Toda a crudeza e força pós-punk deste quarteto maravilhoso está presente em 'Adore Life'. Se você ainda não ouviu este disco, por favor clica aí no play logo.Confira o site, ouça no Spotify e tente conter o seu crush na banda.




Sheer Mag - III 
Parece que na Filadélfia (EUA) não tem banda ruim. E Sheer Mag talvez seja uma das melhores de lá!



Somnia - How the Moon Shines on the Shit
Mais uma banda da lista 'pop punk pro', e que é boa de verdade. É a banda nova da dupla dinâmica Erica Freas e Matt Canino com David Combs (Spoonboy). Bom demais né gente, dá o play aí e aproveita!




Algumas observações:


Se você conhece o blog, sabe que aqui é um espaço sobre protagonismo feminino há algum tempo, principalmente do independente/faça você mesma. Creio que desde que esta mudança aconteceu, não demos mais destaque nem espaço para projetos formados por homens. Mas, chegou o dia de quebrar esta regra. Nada mais justo do que uma menção honrosa ao álbum póstumo de Sabotage. Extremamente criativo e inteligente, ele misturou samba e MPB antes de qualquer outro por aí. E fez isso bem e trilhou o caminho do sucesso que ele sabia que iria conquistar. A história de vida dele é arrebatadora e triste, mesmo sendo cheia de alegria e de toda a sagacidade das ruas. Reconheço todo o talento dele, mas o que chamou a minha atenção no disco não foi apenas a qualidade da rima, a criatividade dele ou a história de vida. E sim o fato dele ter escrito e gravado o disco há 13 anos e veja só, ele não precisou objetificar nenhuma mulher ou ser machista para fazer um bom álbum. Por toda a história dele e por admirá-lo, nada mais natural do que essa homenagem simples, mas de coração.

Também não é possível finalizar este post sem falar sobre a limonada que Beyoncé fez este ano. 'Lemonade' é uma obra fundamental para pensar racismo, sexismo e as possibilidades de tornar a cultura pop um espaço também de discussão política. Especialmente por estes temas muitas vezes ficarem restritos a determinados espaços. Agora pensa, se ela e o Sabota tivessem oportunidade de gravar algo juntos? Seria meu sonho mesmo! =) Outro feat dos sonhos seria Sabota e Elza Soares, que lançou 'A Mulher do Fim do Mundo' em 2015 e nesse ano ela colheu os frutos do trabalho dela. Ela foi eleita pela BBC de Londres, A Cantora do Milênio - 2007 e pelo APCA - "A Mulher do Fim do Mundo" - Melhor álbum 2015. Também não seria possível este post não mencioná-la! Leia aqui o texto que publicamos sobre ela.

Sentiu falta do 'Hit Reset' (The Julie Ruin) na lista? É que sinceramente o álbum ainda não me conquistou. Não estou dizendo que não irá, muito pelo contrário. Talvez em algum momento eu apaixone e compartilhe com vocês aqui várias coisas sobre ele. Mas, isso ainda não aconteceu. Por isso, não fazia sentido incluí-lo nesta lista. E para fechar, te convido a ler as três listas feitas pelo ótimo Preta, Nerd e Burning Hell. Com certeza é um dos melhores blogs brasil1eiros atuais.

Que 2017 traga coisas boas para você, e que você também mexa essa bunda para conquistar o mundo! E me conta, quais álbuns estão na sua lista?

domingo, 11 de setembro de 2016

Links da Semana #10

Divulgação do documentário Mulheres Negras: Projetos de Mundo - Arteretirada da fan page

O feriado do 7 de setembro foi produtivo por aqui! Consegui fechar o post 10 álbuns lançados em 2016 que você precisa ouvir, conversar com quem acabou de descobrir o blog (isso é sempre muito fera) e me animar para fazer o Links da Semana #10. Talvez ele não esteja tão recheado, mas vem com temas extramente pertinentes. E me diga, qual link legal você viu esta semana?


Mulheres Negras: Projetos de Mundo
Estava no Twitter quando vi este link do Prosa Livre, que contém uma entrevista com Dayane Rodrigues, sobre o documentário Mulheres Negras: Projetos de Mundo. Até então não conhecia o projeto e antes de ler a entrevista, conferi o trailer do longa. Ele começa com uma citação poderosa de Gloria Anzaldúa. Depois, Luana Hansen, Djamila Ribeiro e Preta-Rara (citando apenas as mulheres que reconheci) aparecem lacrando. No fim do trailer senti aquela "pedrada" daquele tipo de trabalho que é pesado, urgente importante. Na entrevista, Dayane fala sobre como surgiu o documentário e a necessidade de criar narrativas das mulheres negras. Para empoderá-las, para lutar contra o racismo e visibilizar a resistência. O trailer é muito bom, recomendo muito que você assista e leia a entrevista, é só clicar no primeiro link deste parágrafo. E para quem está em SP: o documentário será lançado no dia 12 de setembro, às 19h, no Centro Cultural Olido - Av. São João, 473. A entrada é gratuita. 


Preta, Gorda, Sapatão e Riot Grrrl
Bah Lutz, do projeto Riot Grrrl Brasil, é vocalista da mineira Bertha Lutz. A banda de hardcore tocou em julho no 2º Distúrbio Feminino Fest, em São Paulo. Lá, elas tocaram a música "Preta, Gorda e Sapatão", que fala sobre esta resistência que é tão invisibilizada. Após o show, uma mulher branca e magra abordou Bah, sugerindo que ela substituísse o último verso da letra por "branca, magra e sapatão" porque segundo a moça, "nós também existimos". E é sobre isto que ela escreve para o blog Gorda e Sapatão. Isto é absurdo e problemático porque mulheres brancas, magras e lésbicas têm visibilidade esmagadora em relação à mulheres negras, gordas e sapatonas. Este é um texto urgente, importante, que precisa ser lido por tods, especialmente por quem colam nos roles. Leia aqui.



Aline Valek faz vídeo para Think Olga sobre como começar sua newsletter
Eu estava no trabalho quando a Think Olga publicou um vídeo no qual Aline Valek fala sobre como você pode começar a sua newsletter. Fiquei super satisfeita, porque já contei aqui que leio o Bobagens Imperdíveis - a newsletter fodona da Aline - e foi assim que comecei a ler outras e até em pensar em escrever uma. Claro, parei o que estava fazendo para assistir o vídeo. Ver uma pessoa que admiro e que está fazendo tanta coisa legal de forma independente me deixou muito feliz e deu aquela energia boa pra minha tarde. Por isso, acho que você também pode ver, para se inspirar e iniciar aquele projeto (seja ele qual for) que está querendo sair da gaveta.




Punk Rock Não é Só Pro Seu Namorado
Você precisa ler ou compartilhar um bom texto que fale sobre o que é o Riot Grrrl? Que faça um apanhado de algumas bandas e relacione o RG no contexto punk? Então os seus problemas acabaram! A Babi, do coletivo Non Gratxs, escreveu o texto "Punk Rock Não é Só Pro Seu Namorado" para o blog Crítica Persona. E no fim, rola uma playlist. Aprecie sem medo de ser feliz. Aqui!


Setembro Amarelo
A campanha Setembro Amarelo tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o suicídio e alertá-las aos sinais de pessoas que possam estar passando por esta situação. E ontem, dia 10 de setembro, foi o Dia Mundial de Combate ao Suicídio. É um dia de luta, porque cada dia é um e é uma batalha. A Kaol Porfírio fez um post a respeito que espero que te toque tanto quanto me tocou. Leia aqui. Outra ilustradora e feminista que falou sobre o tema hoje foi a Renata Nolasco (que já saiu em outro Links da Semana). Com o apoio de profissionais da área, ela preparou seis cartões sobre como lidar com depressão. A cada semana serão publicados dois, sendo que o primeiro já foi publicado. Acompanhe tudo pela fan page dela. A realidade do suicídio não pode ser ignorada, tão pouco a saúde mental das pessoas. Tenha atenção consigo e com o outro. Você vai conseguir.

Arte: Atóxico/Renata Nolasco

As Mina na História
Por conta do Setembro Amarelo, pipocou no meu feed uma newsletter da página As Mina na História sobre escritoras suicidas. Ainda não li, mas fiquei super contente por poder ler mais uma newsletter feita por mulheres que estão se movimentando muito. Você pode ler o texto e se inscrever aqui!

The Sad Ghost Club
É um clube para qualquer um que está se sentindo triste ou perdido. É o clube para aqueles que nunca se sentiram parte de outro clube. Esta é a descrição da fan page do zine The Sad Ghost Club, que fala principalmente sobre ansiedade e depressão de uma forma muito delicada e única. Lá, as vezes encontro uma compreensão e sensibilidade que não vejo em outras pessoas ou projetos. E eles publicaram uma tirinha especial sobre prevenção de suicídio com a legenda "conexão, comunicação, cuidado". Achei que essa era a melhor forma de terminar este Links da Semana. Continue vivendo! Fan page.

Livre tradução: "Eu passei por tudo isso... e eu mereço continuar vivendo"